quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Morri.

Tem gente que morre de medo de avião, imaginando um desastre aéreo. Mas se já morreu de medo, não estará vivo para a queda. Outros preferem morrer dormindo, para não se fazerem presentes na ocasião do óbito (morri e não me avisaram?). 

Há os que desejam uma morte lenta e dolorosa para seus desafetos. E para os afetos, que nunca morram, na ingenuidade de desconhecer que a vida eterna é um grande suplício. Tem gente marcada para morrer. Ou que morre, assim, de repente. E ainda aqueles que vão embora aos poucos. Morrem para descansar. 

O seguro morreu de velho e a curiosidade matou o gato. Dá pra morrer de susto, de calor ou frio. E os ultrajados morrem e não veem tudo. Gulosos que morrem de fome. Recalcados que morrem de inveja. E luxuriosos que morrem de vontade. O pecado é mortal. Mas só a virtude faz morrer de tédio.

Tenho esperança em morrer de rir. Todo dia. Mas minha causa mortis já está decretada desde agora: morrerei de nostalgia. Uma overdose de saudosismo. 

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