Como você reage a um absurdo?
Provavelmente você vai parar pra pensar na resposta. Até porque,
primeiro, você precisa entender pra si mesmo o que considera um absurdo.
E só então dar o veredito. Mas não vale a resposta ideal: “diante de um
absurdo eu mostro a que vim, rodo a baiana”. Pagar de bonito na mesa do
bar usando a lenda da baiana com labirintite é fácil, bebê.
Mas tranquilize-se. Não precisa
dizer pra mim. Responda apenas pra si mesmo: o que você faz diante de
um absurdo? Um homem vestido de mulher é um absurdo? Ou uma alpinista
social dando o golpe do baú? Moradores de rua viciados em crack? A
defasagem educacional brasileira? O penteado da Deborah Secco é um
absurdo? Qual é o seu parâmetro?
A atendente do
estabelecimento resmungou: “por causa dessa passeata fecharam o metrô.
Quero ver como vou chegar em casa. Eles que badernam e sou eu que me
ferro.” É interessante perceber que, mesmo sendo uma usuária confessa de
transporte coletivo, ela não se sente respaldada pelos manifestantes,
que protestam contra o aumento da tarifa. Absurdo, pra essa moça, não é
destinar 20% do seu salário pra condução (uma projeção otimista).
Absurdo é perder o capítulo da novela.
Já o parâmetro dos
manifestantes é ter de pagar um absurdo pra andar de ônibus. Qualquer um
com ganhos que não acompanham o ritmo da inflação concordaria. Logo, é
razoável concluir que o protesto, a manifestação, a reivindicação não
são absurdos. É o contra-absurdo. É uma resposta. E é inevitável,
independente de sua opinião.
Abuso de poder, esse sim, é maior
de todos os absurdos. Seja um pastor evangélico que dissemina o ódio em
seu discurso enquanto alicia sexualmente suas fiéis. Um dirigente
público que está mais preocupado com conjecturas do que resolver a vida
da sociedade. Ou até mesmo um policial que desce o sarrafo num
estudante, mas não rela um dedo no criminoso (porque não é bobo).
A vida, da perspectiva que eu tomei diante dela, é um absurdo.
sexta-feira, 14 de junho de 2013
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