- Olá, eu sou Dona Coisinha e estamos começando
mais um Coisa com Coisa, o talk show feito para você que, assim como eu, é uma
pessoa normal! No programa de hoje temos uma entrevista pra lá de polêmica!
Nossa produção saiu às ruas, nesse mundo afora, uma terra sem lei, e conseguiu
capturar... Hã, quero dizer, “convidar para ser entrevistado” um autêntico
exemplar de homossexual. Estamos aqui hoje com esta... "pessoa" que
vamos chamar pelo nome fictício "Pedro" a fim de preservar a sua
verdadeira identidade e evitar a indevida exposição. Oi, "Pedro"!
Tudo bem?
- Oi, Dona Coisinha! Na verdade, eu me chamo Pedro
mesmo.
- Okay, se prefere assim, vamos começar, "Pedro Mesmo"!
- Hã, na verdade é só Pedro.
- Gente, eu posso com isso? É melhor você se
decidir logo. Esta mudança brusca de opinião é uma dessas coisas gays?
- Como assim, "coisas gays"?
- Então "Só Pedro"...
- Pedro.
- Então, "Pedro"... É justamente pra isso
que você veio aqui hoje. Porque nós, pessoas normais, estamos precisando de um tutorial gay, entende?
- Tutorial gay?
- Sim! Veja bem: Deus criou as mulheres solteiras e homossexuais para serem
perseguidos e apedrejados. Só que com as eleições brasileiras de 2014, tudo
ficou meio estranho, sabe? Não sei que macumba aquela distinta senhora avulsa e
seu peculiar amigo invertido que já foi estrela de reality show fizeram para
conquistar posições tão respeitosas no cenário político nacional... Mas,
conquistaram, né? E agora, ao invés de apedrejar, temos que, vejam só, “di-a-lo-gar”.
- Ah, claro! Diálogo sempre funciona.
- Funciona, sim. Num bom roteiro de novela... E por
falar em novela, chegamos ao primeiro assunto do programa: beijo gay. Autor de
novela agora virou terrorista, porque vive ameaçando a sociedade com um beijo
gay em horário nobre. O beijo gay é uma coisa hedionda! Mas, a gente que é
normal, não sabe como ele é, porque, quando vai acontecer, a gente vira pra não
olhar. Quer dizer, sabemos que é horrível, mas não sabemos como ele funciona.
"Pedro", você poderia então, nos descrever a dinâmica de um beijo
gay?
- Essa é fácil!
- Ui! Vocês aí de casa, se preparem! O programa de
hoje promete! Nosso convidado, que resolvemos chamar de "Pedro”...
- Esse é meu nome.
- ... Vai nos contar os detalhes sórdidos de um
beijo gay! Tirem as crianças da sala!
- Então... Vamos supor que eu estou andando por aí
e, de repente, cruzo com um rapaz interessante e rola um clima...
- Esse “rapaz interessante” seria o Laerte?
- Hmmmm... Não necessariamente.
- Esse “rapaz interessante” votou na Dilma?
- Não sei, a gente se cruzou de repente. E como
rolou um clima, eu estou mais preocupado em beijá-lo do que saber as suas
opiniões políticas. Estamos falando de beijo, certo?
- Eu acho que ele votou na Dilma.
- Bom, que seja! Posso continuar a história?
- Sim, claro.
- Então. Rola este clima, a gente vai se
aproximando. Nossos lábios se encontram, nossas bocas se encaixam e, por fim
nossas línguas se entrelaçam.
- E depois?
- Depois o quê?
- O que acontece depois disso?
- Nada. O beijo acaba.
- Não, você entendeu errado, "Pedro". Eu
não pedi a descrição de um beijo normal. Eu e meus telespectadores queremos saber
como funciona um beijo gay. O que ocorre durante tudo isso o que você disse?
Enquanto vocês tocam seus lábios vocês cometem algum infanticídio em nome de
Fidel Castro?
- Hmmmm, não.... Ninguém morre.
- Jura? E não fazem alguma oração a um anjo caído ou
divindade de culto politeísta antes de trocar saliva?
- Não.
- Nem depois?
- Nem depois.
- Esse beijo não acontece diante de uma urna
eletrônica enquanto ambos votam na Dilma?
- Não acho seja possível beijar alguém durante uma
votação como esta.
- A Dilma não traz um grupo de médicos cubanos para
fazer um strip-tease enquanto vocês se beijam?
- Hã... Não imagino coadjuvantes em coreografias
excêntricas. Acho que o beijo gay é bem simples. Boca com boca e pronto.
- Muito estranho. O beijo que você descreveu me
parece bastante normal.
- Talvez seja.
- Ou... Talvez você não seja gay. Você me parece
normal demais para ser um gay.
- Talvez gays sejam normais.
- Ah ah ah! Que timing pra humor! Isso é uma
daquelas coisas gays? Fazer rir? Bem, de qualquer forma, não podemos atrasar
com a pauta do programa. Próximo assunto: casamento gay. Você se imagina
casando, "Pedro"?
- Quem sabe... Se eu encontrar a pessoa certa...
- Não se iluda, criaturinha! Não existem pessoas
certas nesse seu estilo de vida. Só as pessoas normais estão certas! Mas me
conte. Como seria este casamento gay? Estamos todos curiosíssimos para saber.
- Bem, tendo eu certeza que gostaria de passar o
resto de minha vida ao lado de um interesse romântico...
- Ah ah ah!
- O que foi, Dona Coisinha?
- Engraçado você! "Interesse
romântico"... Todo mundo sabe que romance é uma coisa normal. O que você e
seus amiguinhos fazem é outra história.
- Então... Tendo eu certeza que gostaria de passar
o resto da minha vida ao lado de alguém que estivesse disposto a fazer
"outra história" comigo... Nós conversaríamos sobre isso, marcaríamos
a data, convidaríamos nossas famílias...
- Mas suas famílias brigaram com você!
- Hmmmm, não... Tenho uma boa relação com a minha
família, pra falar a verdade.
- Ah, entendi. Você está “no armário”! Todos pensam
que você é normal!
- Não, Dona Coisinha. Só estou descrevendo como
seria um casamento gay.
- Claro, desculpe, pode continuar.
- Convidaríamos nossas famílias, amigos, daríamos
uma festa. Chamaríamos um juiz de paz, selaríamos a união e brindaríamos com
uma bela festa.
- E depois?
- Depois o quê?
- Eu preciso saber o que configura este casamento
como “gay”. Você só me descreveu um casamento normal. Vocês promovem uma
passeata de mendigos para invadir propriedades de pessoas normais enquanto se
casam?
- Acho que não. Essa revolução toda não iria
combinar com o tule dos bem-casados.
- Vocês votam na Dilma durante a cerimônia?
- Acho que nem é viável, Dona Coisinha.
- E nada de vaginoplastia coletiva em poodles para
transformá-los em pets travestis e usar seus testículos como aperitivo da
recepção?
- Acho que preferiria algo mais clássico. Pensei em
bolo com espumante.
- Já sei! O Jean Wyllys é sua madrinha!
- Não!
- Dama de honra?
- Não!
- Aia?
- Não...
- Jean Wyllys e Dilma sequestram todas as
criancinhas durante o casamento e mandam pra Cuba trabalhar como escravas nas
plantações de maconha para fins medicinais!
- Dona Coisinha, sua imaginação é um caso à parte!
Mas eu realmente penso numa cerimônia simples. Talvez soltar pombas brancas no
final.
- "Pedro", você não está me ajudando! Eu
não pedi pra você me descrever um casamento normal!
- Ai, Dona Coisinha! Me desculpa! Mas é assim que
eu imagino casar!
- Produção? Cadê produção? Eu pedi um daqueles
homossexuais aqui. Esse cara nem sabe quem é direito. Só fala coisas normais.
Se fosse realmente gay não pararia um minuto de falar em sexo anal! Fale sobre
sexo anal, “Pedro”! Prove que você é gay!
- Interessante você tocar neste ponto...
- Jura?
- Dona Coisinha... Você gosta de dar o cú?
- Menino!!!! Mas o que é isso? Estou chocada com a
sua pergunta. Quem você pensa que eu sou para falar de uma coisa tão... tão...
Íntima assim em plena rede nacional?
- Que bom que você pensa como eu, Dona Coisinha!
Então concordamos que cada um deve cuidar do seu próprio rabo, não é mesmo? Próximo
assunto!
- E depois dizem que homossexuais são delicadinhos.
Quanta grossura! Até parece homem. Se não fossem suas predileções grotescas,
poderia muito bem passar por uma pessoa normal.
- Então, Dona Coisinha. Você bate nesta tecla do
“grotesco” e “hediondo”. Mas gostaria que você me acompanhasse num raciocínio lúdico.
- “Raciocínio lúdico”? É uma dessas coisas gays?
- Não. É só uma figura de linguagem. Vamos supor
que o considerado relacionamento normal seja um pote de sorvete com uma bola de
chocolate e outra de morango. Mas, de repente, alguém prefere fazer diferente e
resolve pedir duas bolas de chocolate. Ou duas de morango. Como esse novo
arranjo de sabores pode ser tão grotesco se eles já faziam parte da receita
original? Só saiu um sabor e repetiu outro. Não há nenhuma mudança tão drástica
no cardápio que justifique uma repugnância tão contundente.
- Ah, agora entendi!
- Entendeu, Dona Coisinha?
- Claro! Dilma e Jean Wyllys fabricam sorvete de
chocolate envenenado e repassam para homossexuais, que usam o doce drogado para
seduzir crianças no portão de escolas. É tudo um grande esquema de tráfico de
órgãos e prostituição infantil com conexões em Cuba e na Venezuela!
- Dona Coisinha, essa sua obsessão por violência
infantil, paranoia política e perversão não é uma coisa muito normal.
- O quê???? Você está querendo dizer que sou uma
anormal? Mas não sou gay! Eu sou uma mulher que conhece muito bem o seu devido
lugar. Inclusive preciso terminar este programa logo! Tenho que ir pra casa correndo
receber um corretivo do meu marido por atrasar o jantar. Pois resolvi estar
aqui “di-a-lo-gan-do” com você, ao invés de cuidar do lar.
- Gente, eu desisto. Posso ir embora?
- Pode, “Pedro”!
- Adeus, Dona Coisinha!
- Tchau! Vai com Deus! Ah, desculpa! Me esqueci que,
com você, Ele não vai. Então se vira aí, vai pela sombra, sei lá... O Coisa com
Coisa de hoje chegou ao fim! Graças a Deus! Como é bom ser normal, não é,
gente? Na semana que vem, o tema do programa será: Ebola – cada continente com
seus problemas. Até lá. Beijo, tchau!
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
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