quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Gay for dummies

- Olá, eu sou Dona Coisinha e estamos começando mais um Coisa com Coisa, o talk show feito para você que, assim como eu, é uma pessoa normal! No programa de hoje temos uma entrevista pra lá de polêmica! Nossa produção saiu às ruas, nesse mundo afora, uma terra sem lei, e conseguiu capturar... Hã, quero dizer, “convidar para ser entrevistado” um autêntico exemplar de homossexual. Estamos aqui hoje com esta... "pessoa" que vamos chamar pelo nome fictício "Pedro" a fim de preservar a sua verdadeira identidade e evitar a indevida exposição. Oi, "Pedro"! Tudo bem?
- Oi, Dona Coisinha! Na verdade, eu me chamo Pedro mesmo.
- Okay, se prefere assim, vamos começar, "Pedro Mesmo"!
- Hã, na verdade é só Pedro.
- Gente, eu posso com isso? É melhor você se decidir logo. Esta mudança brusca de opinião é uma dessas coisas gays?
- Como assim, "coisas gays"?
- Então "Só Pedro"...
- Pedro.
- Então, "Pedro"... É justamente pra isso que você veio aqui hoje. Porque nós, pessoas normais, estamos precisando de um tutorial gay, entende? 
- Tutorial gay?
- Sim! Veja bem: Deus criou as mulheres solteiras e homossexuais para serem perseguidos e apedrejados. Só que com as eleições brasileiras de 2014, tudo ficou meio estranho, sabe? Não sei que macumba aquela distinta senhora avulsa e seu peculiar amigo invertido que já foi estrela de reality show fizeram para conquistar posições tão respeitosas no cenário político nacional... Mas, conquistaram, né? E agora, ao invés de apedrejar, temos que, vejam só, “di-a-lo-gar”.
- Ah, claro! Diálogo sempre funciona.
- Funciona, sim. Num bom roteiro de novela... E por falar em novela, chegamos ao primeiro assunto do programa: beijo gay. Autor de novela agora virou terrorista, porque vive ameaçando a sociedade com um beijo gay em horário nobre. O beijo gay é uma coisa hedionda! Mas, a gente que é normal, não sabe como ele é, porque, quando vai acontecer, a gente vira pra não olhar. Quer dizer, sabemos que é horrível, mas não sabemos como ele funciona. "Pedro", você poderia então, nos descrever a dinâmica de um beijo gay?
- Essa é fácil!
- Ui! Vocês aí de casa, se preparem! O programa de hoje promete! Nosso convidado, que resolvemos chamar de "Pedro”...
- Esse é meu nome.
- ... Vai nos contar os detalhes sórdidos de um beijo gay! Tirem as crianças da sala!
- Então... Vamos supor que eu estou andando por aí e, de repente, cruzo com um rapaz interessante e rola um clima...
- Esse “rapaz interessante” seria o Laerte?
- Hmmmm... Não necessariamente.
- Esse “rapaz interessante” votou na Dilma?
- Não sei, a gente se cruzou de repente. E como rolou um clima, eu estou mais preocupado em beijá-lo do que saber as suas opiniões políticas. Estamos falando de beijo, certo?
- Eu acho que ele votou na Dilma.
- Bom, que seja! Posso continuar a história?
- Sim, claro.
- Então. Rola este clima, a gente vai se aproximando. Nossos lábios se encontram, nossas bocas se encaixam e, por fim nossas línguas se entrelaçam.
- E depois?
- Depois o quê?
- O que acontece depois disso?
- Nada. O beijo acaba.
- Não, você entendeu errado, "Pedro". Eu não pedi a descrição de um beijo normal. Eu e meus telespectadores queremos saber como funciona um beijo gay. O que ocorre durante tudo isso o que você disse? Enquanto vocês tocam seus lábios vocês cometem algum infanticídio em nome de Fidel Castro?
- Hmmmm, não.... Ninguém morre.
- Jura? E não fazem alguma oração a um anjo caído ou divindade de culto politeísta antes de trocar saliva?
- Não.
- Nem depois?
- Nem depois.
- Esse beijo não acontece diante de uma urna eletrônica enquanto ambos votam na Dilma?
- Não acho seja possível beijar alguém durante uma votação como esta.
- A Dilma não traz um grupo de médicos cubanos para fazer um strip-tease enquanto vocês se beijam?
- Hã... Não imagino coadjuvantes em coreografias excêntricas. Acho que o beijo gay é bem simples. Boca com boca e pronto.
- Muito estranho. O beijo que você descreveu me parece bastante normal.
- Talvez seja.
- Ou... Talvez você não seja gay. Você me parece normal demais para ser um gay.
- Talvez gays sejam normais.
- Ah ah ah! Que timing pra humor! Isso é uma daquelas coisas gays? Fazer rir? Bem, de qualquer forma, não podemos atrasar com a pauta do programa. Próximo assunto: casamento gay. Você se imagina casando, "Pedro"?
- Quem sabe... Se eu encontrar a pessoa certa...
- Não se iluda, criaturinha! Não existem pessoas certas nesse seu estilo de vida. Só as pessoas normais estão certas! Mas me conte. Como seria este casamento gay? Estamos todos curiosíssimos para saber.
- Bem, tendo eu certeza que gostaria de passar o resto de minha vida ao lado de um interesse romântico...
- Ah ah ah!
- O que foi, Dona Coisinha?
- Engraçado você! "Interesse romântico"... Todo mundo sabe que romance é uma coisa normal. O que você e seus amiguinhos fazem é outra história.
- Então... Tendo eu certeza que gostaria de passar o resto da minha vida ao lado de alguém que estivesse disposto a fazer "outra história" comigo... Nós conversaríamos sobre isso, marcaríamos a data, convidaríamos nossas famílias...
- Mas suas famílias brigaram com você!
- Hmmmm, não... Tenho uma boa relação com a minha família, pra falar a verdade.
- Ah, entendi. Você está “no armário”! Todos pensam que você é normal!
- Não, Dona Coisinha. Só estou descrevendo como seria um casamento gay.
- Claro, desculpe, pode continuar.
- Convidaríamos nossas famílias, amigos, daríamos uma festa. Chamaríamos um juiz de paz, selaríamos a união e brindaríamos com uma bela festa.
- E depois?
- Depois o quê?
- Eu preciso saber o que configura este casamento como “gay”. Você só me descreveu um casamento normal. Vocês promovem uma passeata de mendigos para invadir propriedades de pessoas normais enquanto se casam?
- Acho que não. Essa revolução toda não iria combinar com o tule dos bem-casados.
- Vocês votam na Dilma durante a cerimônia?
- Acho que nem é viável, Dona Coisinha.
- E nada de vaginoplastia coletiva em poodles para transformá-los em pets travestis e usar seus testículos como aperitivo da recepção?
- Acho que preferiria algo mais clássico. Pensei em bolo com espumante.
- Já sei! O Jean Wyllys é sua madrinha!
- Não!
- Dama de honra?
- Não!
- Aia?
- Não...
- Jean Wyllys e Dilma sequestram todas as criancinhas durante o casamento e mandam pra Cuba trabalhar como escravas nas plantações de maconha para fins medicinais!
- Dona Coisinha, sua imaginação é um caso à parte! Mas eu realmente penso numa cerimônia simples. Talvez soltar pombas brancas no final.
- "Pedro", você não está me ajudando! Eu não pedi pra você me descrever um casamento normal!
- Ai, Dona Coisinha! Me desculpa! Mas é assim que eu imagino casar!
- Produção? Cadê produção? Eu pedi um daqueles homossexuais aqui. Esse cara nem sabe quem é direito. Só fala coisas normais. Se fosse realmente gay não pararia um minuto de falar em sexo anal! Fale sobre sexo anal, “Pedro”! Prove que você é gay!
- Interessante você tocar neste ponto...
- Jura?
- Dona Coisinha... Você gosta de dar o cú?
- Menino!!!! Mas o que é isso? Estou chocada com a sua pergunta. Quem você pensa que eu sou para falar de uma coisa tão... tão... Íntima assim em plena rede nacional?
- Que bom que você pensa como eu, Dona Coisinha! Então concordamos que cada um deve cuidar do seu próprio rabo, não é mesmo? Próximo assunto!
- E depois dizem que homossexuais são delicadinhos. Quanta grossura! Até parece homem. Se não fossem suas predileções grotescas, poderia muito bem passar por uma pessoa normal.
- Então, Dona Coisinha. Você bate nesta tecla do “grotesco” e “hediondo”. Mas gostaria que você me acompanhasse num raciocínio lúdico.
- “Raciocínio lúdico”? É uma dessas coisas gays?
- Não. É só uma figura de linguagem. Vamos supor que o considerado relacionamento normal seja um pote de sorvete com uma bola de chocolate e outra de morango. Mas, de repente, alguém prefere fazer diferente e resolve pedir duas bolas de chocolate. Ou duas de morango. Como esse novo arranjo de sabores pode ser tão grotesco se eles já faziam parte da receita original? Só saiu um sabor e repetiu outro. Não há nenhuma mudança tão drástica no cardápio que justifique uma repugnância tão contundente.
- Ah, agora entendi!
- Entendeu, Dona Coisinha?
- Claro! Dilma e Jean Wyllys fabricam sorvete de chocolate envenenado e repassam para homossexuais, que usam o doce drogado para seduzir crianças no portão de escolas. É tudo um grande esquema de tráfico de órgãos e prostituição infantil com conexões em Cuba e na Venezuela!
- Dona Coisinha, essa sua obsessão por violência infantil, paranoia política e perversão não é uma coisa muito normal.
- O quê???? Você está querendo dizer que sou uma anormal? Mas não sou gay! Eu sou uma mulher que conhece muito bem o seu devido lugar. Inclusive preciso terminar este programa logo! Tenho que ir pra casa correndo receber um corretivo do meu marido por atrasar o jantar. Pois resolvi estar aqui “di-a-lo-gan-do” com você, ao invés de cuidar do lar.
- Gente, eu desisto. Posso ir embora?
- Pode, “Pedro”!
- Adeus, Dona Coisinha!
- Tchau! Vai com Deus! Ah, desculpa! Me esqueci que, com você, Ele não vai. Então se vira aí, vai pela sombra, sei lá... O Coisa com Coisa de hoje chegou ao fim! Graças a Deus! Como é bom ser normal, não é, gente? Na semana que vem, o tema do programa será: Ebola – cada continente com seus problemas. Até lá. Beijo, tchau!

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