quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Tendências bárbaras

Oiam! Eu sou Tommy Foo e sou um trendsetter. Para aqueles que não freqüentam o blog da Palomino, não seguem a Julia Petit no Twitter e não irritam a Fernanda Young, calma que eu vou explicar o que é ser trendsetter. Relaxem que eu vou elaborar de uma forma bem uó mesmo que é para vocês, leigos, entenderem, em toda a sua extensão, esta dinâmica de hype, de tendência, de cool. É bastante coisa, né? Não pensem que é fácil ser uma pessoa antenada. São anos de Google, meu bem!
Tudo começou há muuuuito tempo. Coisa, tipo assim, de primeira temporada mesmo, episódio piloto, sei lá... Tipo milhares de anos. Era uma macacada uó! Australopitecus pra cá, Cromagnon pra lá... O Homo erectus só cutucando o tempo todo. Aquela bicharada peluda, cheia de carrapato, fedorenta. Uó... Então Deus ficou completamente bored com tudo isso e resolveu lançar tendência. Criou Adão e Eva, a depilação corporal e a folha de parreira como a primeira coleção fashion da história. Nasceu o hype!
Mas chegou uma hora que a folha de parreira perdeu o encanto. Pra piorar, Eva comeu a maçã e ferrou com tudo, visto que anorexia já era uma imposição social desde aquela época. O lance foi esfriando até que alguém teve um insight (tipo assim, uma idéia) e lançou a pele de animal para vestir. Esta pessoinha foi lá, matou uma oncinha (tadinha), tirou a pele da gatinha e vestiu no seu corpinho. Of course, não demorou muito para que todos resolvessem copiar. Foi o primeiro trendsetter. Bem, o fato é que esse hype de estampa de bicho culminou na extinção dos tigres-de-dentes-de-sabre. Calma, gente, sei que é triste esta coisa de extinção de animais... Mas é errando que se aprende... Nãããão que a raça humana tenha aprendido alguma coisa neste sentido até agora, porque a bicharada continua sumindo da face da terra por puro capricho do bicho-homem... Maaaas, voltando ao nosso assunto... Ali nasceu conceito de tendência e a humanidade nunca mais usou a própria cabecinha para saber o que vestir. Depois disso, as pessoas sempre esperam que alguém as diga o que colocar no corpinho. Não é demais!!??
Da parreira e oncinha, a coisa foi se sofisticando, e sofisticando... Até que o lance chegou no extremo do over do luxo na corte francesa do século XVIII. Luis XV arrasou! Era muita renda, muito tafetá, muitas jóias, muito ouro, muito perucão. A montação era tanta, mas tanta, que nem a discoteca conseguiu superar o babado... Foi uma verdadeira revolução francesa! Saturou tanto que rolou um surto geral e as cabeças começaram a rolar na guilhotina! Ai, gente... Se alguém ao menos tivesse avisado à Maria Antonieta que ela iria perder a cabeça com esta mania de exagerar no pancake...
Depois desta overdose de luxo, os trendsetters resolveram pegar a contramão da fartura e do glamour. E coisa foi vindo, foi vindo... Até que chegamos nos dias de hoje. E o que está valendo é o desleixo total mesmo. Já experimentamos o hippie chic, o surf chic, e todas estas tendências que se dizem chiques remixando algum tipo de manifestação suburbana mais encardidinha.
Logo, eu, Foo Foo, na qualidade de trendsetter, não vou me furtar em apresentar aqui minhas idéias. Em vista desta tendência de dar uma tapa no look periferia, para transformá-lo em conceito de passarela, lanço aqui, para vocês, em primeira mão, o POBRE CHIC.
O pobre chic consiste em valorizar este hype, que cresce tanto no Brasil e no mundo, que é a pobreza. O povo segue se reproduzindo e a área útil para comportar este contigente continua a mesma. Sim, isso mesmo: o planeta não contem elastano... Logo os recursos vão se esgotar e teremos bilhões de miseráveis famintos pelo mundo... Famintos de informação!!!! É por isso que eu lanço esta tendência. A civilização está indo ladeira abaixo. E eu acho isso bárbaro! Uma horda de bárbaros para ser mais exato. Então eu resolvi valorizar o que o pobre tem de melhor e dar um toque de glamour nesta experiência única de ser um desprovido. É uma sobreposição na cachorra do funk. Um patchwork no homeless. Uma pitada de sálvia no xis-egg...
Estou organizando o primeiro 25 de Março Fashion Week, onde fecharemos a Ladeira Porto Geral com um desfile exclusivo de camelôs e ambulantes, com direito ao rapa e tudo! Muvuca é o must!
Quem ainda insiste nas grandes labels, este papinho de Daslu e Shopping Cidade Jardim, se liga, viu! Marinho, terracota e nude... What tha fuck!!! Vamos empobrecer, que ostentar é totalmente out.
Bem, vou ficando por aqui, porque preciso dar um inbox para meus contatos cariocas. Estamos acertando uns detalhes e, ano que vem, vamos lançar o Complexo do Alemão Prêt-à-Porter. Vamos incendiar a cidade maravilhosa! Então era isso! Kisses! Tommy.

3 comentários:

  1. Eliandro:
    Fazia tempo q não te visitava por aqui
    e morri de rir com seu post! Hiperbemhumorado e com uma acidez necessária!
    Parabéns
    bjs
    Maurício
    Mellone

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  2. Kkkkk... Adorei! Dá vontade de transformar em personagem.

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  3. Cairia como uma luva pra você, Robertinho!
    :-}

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